Tuesday, August 07, 2012

Leituras de Verão







Há vários anos que o meu mês de Agosto não é ocupado com grandes leituras. É um mês dedicado a visitar cidades e acordar no campo, a aproximar-me da experiência do flâneur, a dormir/não dormir, a esperar o pôr do sol em conversas longas, entre copos, com amigos.

Mas inevitavelmente há livros que me acompanham e leituras que se programam, mesmo que acabem adiadas.

Entre essas escolhas encontra-se um clássico, Essays in Design de John Christopher Jones publicado em 1984 mas reunindo ensaios, na sua maioria, dos anos 70. Se o Design Methods de Jones me parece, actualmente, menos interessante, pelo contrário alguns destes ensaios revelam uma frescura e inteligência notáveis.

No prefácio, datado de Agosto de 1982, Jones identifica um conjunto de tendências que influenciavam “não só o design mas a cultura em geral” e, com evidente actualidade, fala-nos do autor como usuário, da teoria da auto-poiésis ou do movimento empreendedor.

Cruzando referencias histórica e disciplinarmente distintas, propondo inusitados diálogos entre John Cage, Kant, Jung e Whitman, os ensaios de Christopher Jones ora avançam no sentido de uma crítica da cultura ora se aproximam de uma ontologia do design, perspectivando a disciplina a partir de conceitos como o desejo, o acaso, a utopia ou a felicidade. Particularmente adequado parece-me o capítulo 4 “Coisas de Agosto”.

Outro clássico, ao qual regressei recentemente, é Exhibition Design: Theory and Practice de Arnold Rattenbury. É um delicioso livrinho, da magnífica coleção da Studio Vista/Van Nostrand Reinhold, publicado no início dos anos 70.  Bem arrumados em quatro partes – “The Object of the exercise”; “The People Involved”; “The designer’s exercise” e “The Client’s Object” – encontram-se tratadas e profusamente exemplificadas as situações essenciais ligadas aos projectos expositivos.





Obra recente é Design as Politics de Tony Fry, cuja leitura ainda mal iniciei. O argumento central da obra é exposto por Fry, com clareza, no texto de introdução: “The central argumente of the book is that democracy is unable to deliver Sustainment (the post-Enlightenment project beyond “sustainability”). Why this is the case, and the implications of the statement” são as questões centrais de um livro que me pareceu revelar uma escrita escorreita e um pensamento inteligente.

Dentro da leitura política, regresso ao A Política dos Muitos, publicado em 2010, pela Tinta da China (mais uma bela capa da Vera Tavares) no âmbito da exposição Povo-People organizada pela Fundação EDP. Já tive oportunidade de ler e trabalhar alguns dos ensaios aqui reunidos – como os de Éttienne Balibar, Agamben ou Tony Negri – mas outros aguardam ainda a altura propícia, espero nomeadamente ter tempo para ler a “História subalterna como pensamento político” de Dispesh Chakrabarty.

Chegando a tempo, também seguirá a viagem The Transdisciplinary Studio de Alex Coles, encomendado há pouco tempo; é essencialmente um livro de entrevista, que aguardo com interesse.




Se a mochila comportar, ainda levarei comigo, por compromissos de trabalho, o The European Iceberg, editado por German Celant, e algumas revistas que ainda esperam ser lidas ou sequer folheadas, como a última Back Cover  ou a primeira (e até agora única) Figure. 

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PERFIL

REACTOR é um blogue sobre cultura do design de José Bártolo (CV). Facebook. e-mail: reactor.blog@gmail.com